Cariocas se preparam para hospedar torcedores durante os Jogos ~ Planeta Celular

PlanetaCelular tecnologia e mobilidade

Viajar ao Rio de Janeiro para assistir aos XV Jogos Pan-americanos RIO 2007 pode sair mais barato do que se pensa. Pelo menos no quesito hospedagem. A Prefeitura do Rio reúne três projetos – Favela Receptiva, BB Brasil e Café e Cama –, nos quais moradores cedem espaço em suas casas para turistas de outros estados do Brasil e do exterior. É o programa Hospedagem Domiciliar, que atua em áreas diferentes da cidade: desde a comunidade carente de Vila Canoa até bairros nobres da Zona Sul do Rio, passando pelo bairro de Santa Teresa.

O preço não é a única vantagem neste tipo de hospedagem. Por exemplo, um hotel três estrelas em Copacabana, com todas as mordomias, cobra cerca de R$ 300 por casal durante os Jogos, contra R$ 180 de um associado da BB Brasil. Um albergue no mesmo bairro sai mais barato, cobrando uma média de R$ 100 pelo mesmo serviço, mas não garante a possibilidade de um contato maior do turista com os cariocas. Na Hospedagem Domiciliar, além de oferecer serviços habituais, como café da manhã, roupa de banho e de cama, os anfitriões geralmente acompanham os turistas em passeios pela cidade.

Formada em administração de empresas, Eneida Santos percebeu o interesse dos estrangeiros por um convívio maior com os moradores das favelas. Moradora da comunidade da Vila Canoa, em São Conrado, Zona Sul do Rio, ela convenceu os vizinhos a abrirem suas casas para turistas. O começo do Favela Receptiva foi tímido, com 10 leitos em 2005. Hoje, são oferecidos 30 leitos.
"Há pessoas da Argentina e Chile interessadas em se hospedar aqui só para ver os Jogos", revela Eneida.

O coordenador de eventos Marcelo Lopes foi um dos primeiros a receber turistas na Vila Canoa. Descobriu no projeto uma renda extra, que o possibilitou reformar sua casa, privilegiada por uma bela vista da Pedra da Gávea. Nela, já passou gente dos Estados Unidos, Noruega e França. A barreira da língua, ele dribla sem problemas.

"Essa é uma forma boa de aprender outras culturas. Falamos coisas básicas em inglês, mas nos viramos perfeitamente. Qualquer coisa mais complicada nós apelamos para a Eneida, a nossa tecla SAP", brinca Marcelo.

Essa experiência será vivida pela primeira vez pelo técnico em telecomunicações Sérgio Rodrigues. Sua espaçosa casa, que tem até um deck com uma pequena piscina à beira de um riacho, está passando por uma reforma para torná-la mais bonita para os visitantes que receberá.

"Fiz as obras só por causa dos Jogos Pan-americanos. Minha mulher vai viajar e vou aproveitar para receber as pessoas", conta Sérgio.

Outro lugar que também passa por obras especialmente para os Jogos é o apartamento de Valeska Vuolo. Ex-gerente de um hostel em Londres, ela voltou para o Brasil e usou a experiência para abrir para turistas dois dos três quartos de sua residência em Copacabana. Junto com a amiga Cristina Silveira, guia de turismo, se associou ao BBBrasil.

"Vamos receber um casal de Goiás, que fez reserva para os Jogos", diz Valeska, que no futuro pretende abrir uma pousada com sua sócia.
As opções de hospedagem do BBBrasil são mais requintadas, concentradas na Zona Sul da cidade. Há apartamentos de frente para a praias do Leblon, casas no estilo mediterrâneo no Joá e residências próximas à natureza na Barra da Tijuca.

Precursores deste tipo de hospedagem no Brasil, o Cama e Café usou o charme do bairro de Santa Teresa para receber, desde 2003, cerca de 5 mil turistas. Os anfitriões são, geralmente, artistas plásticos e atores, moradores habituais da região. Não é difícil se hospedar em residências que são verdadeiros patrimônios históricos. Dependendo do lugar, a diária varia entre R$ 135 e R$ 270. Mais da metade dos hóspedes que procuram o programa é de europeus. Em julho, por exemplo, o programa receberá holandeses como hóspedes. Com os Jogos, terão a chance de ter um contato maior com o esporte além de exercitarem as pernas nas ladeiras de Santa Teresa.